sexta-feira

poema lento


[escultura submarina de Jason deCaires]
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Ser o avesso de mim...
e do avesso ser você num capricho ao sol...
bater com os punhos fechados no céu para ouvir...
o não-movimento no seio do não-tempo em teus seios...
adentrar teu reino que nem o luar adentra a mata...
lentamente...
e o burburinho das eras passando arrastadas pela velha estrada...
a carregar impérios solares e cartas de amor em seus lombos...
e as grandes capitais todas inundadas e desertificadas pelo êxodo final...
os carvalhos exercendo seu reino prometido sobre a terra...
evoluindo uma linguagem de amor e trevas mornas...
para finalmente compor uma grande palavra planetária...
um código universal dos carvalhos-deuses...
cuja face está gravada em nossa memória há muito tempo...
nossa face a expressão dessa memória ancestral...
coberta pela crosta do esquecimento e da preguiça...
a compor padrões delicados...
a tua face...
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beijar tua face...
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e tua boca envolver como a um fruto...
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num esmaecer de cores...
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2 comentários:

Vi disse...

será que esse não-ser que é o mais completo sendo pleno de paz - espero eu -, anterior à forma, que a envolve, que lhe dá significado, conteúdo, este não-ser não poderia ser revisitado, reencontrado nas minúcias de um olhar esperançoso? será que este olhar não é o autor mesmo do completo anterior? afinal pq separamos o absoluto do que se desmantela? podemos pensar na distribuição inerente - não imanente, senhor Schopenhauer, pois o seu contrário está contido na palavra, não é Nietzsche? - do todo amor pacífico simultâneo ao não-absoluto? pois sim, afinal, envolver os lábios com o beijo é melhor do que bater com o punho no céu!

adorei!

beijos!

semtex disse...

beijos...