quarta-feira

sonho 6YH32-A

Devido ao aquecimento global, a Antárctica tornou-se um continente habitável. Milhões migraram para lá. No entanto, mesmo após décadas de ocupação, um estado ainda não havia se formado. No começo, as leis eram as mesmas dos países de origens dos colonizadores. Mas com o tempo essas leis foram esquecidas, e todos viviam sem lei ou costume que o valhesse. Por algum motivo, eu estava vivendo lá. Não possuía casa, apenas uma barraca que carregava comigo. Era um nômade do gelo e das estepes frígidas. Havia levantado acampamento sobre um lago congelado nos arredores de uma vila pós-industrial. Acordo sobressaltado no meio da noite com o gelo estalando, derretendo. Tenho que levantar acampamento imediatamente. Com a aurora chego à vila. É arborizada e rochosa. Aproximo-me de uma casa onde há pessoas acordadas. Adentro o quintal, sem me preocupar em ser visto ou não, e deixo a mochila com a barraca a um canto. Os moradores saem, olham para mim fixamente, mas não dizem nada. Não sei se estão paralisados de medo, de curiosidade ou de desejo. Consigo contar cinco pessoas. Após um momento eles parecem perder o interesse e vão cuidar de suas vidas. Sinto-me cansado devido ao sono interrompido e resolvo sentar numa amurada de cerca de meio metro de altura, feita de pedras, que dá para um ribeirão. Contemplo durante alguns segundos as árvores muito altas, as rochas negras, os prédios de concreto branco como miragens e ao fundo as montanhas de gelo da Antárctica. Quando dou por mim há uma mulher sentada ao meu lado, vestida com o macacão laranja dos antigos pesquisadores pré-coloniais. Cabelos pretos, longos. Seus olhos começam a me envolver e me puxar para o ribeirão. Vamos adentrando o ribeirão juntos, agarrados um ao outro. A água vai ficando mais funda -- apesar de sempre translúcida -- e pressinto a falta de ar. Beijo-lhe os lábios para conseguir oxigênio, mas já estamos submersos.

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