Hoje foi anunciada a decisão do prefeito da cidade de São Paulo de extinguir uma das cinco refeições diárias nas creches da prefeitura. A íntegra pode ser lida aqui no site da Folha de São Paulo. Isso afeta aproximadamente cento e vinte mil crianças -- a esmagadora maioria vinda de famílias carentes, mas essa parte da história todos nós conhecemos. Chegou-se ao ponto de ser elaborado um questionário aos pais dos pequerruchos para saber se eles prefeririam que seus filhos ficassem sem café da manhã ou sem jantar.
Essa medida segue os cortes na verba destinada à limpeza urbana. Tudo isso com o objetivo óbvio de gerar receita para o financiamento da campanha eleitoral do ano que vem.
Seguindo a lógica do Estado, teremos um futuro coberto de lixo, com raquíticos de espírito mal-formado capazes de identificar todas as etapas do processo de putrificação dos alimentos. Ao mesmo tempo, será construída uma gigantesca bolha no centro da cidade, capaz de abrigar os partidários do establishment, em luxuosas quitinetes de quarenta e cinco metros quadrados, com fácil acesso ao metrô e aos estádios participantes da Copa. Refiro-me ao projeto Nova Luz, que representa o modelo "patada" típico das intervenções públicas neste país desde Cabral. Trata-se da desapropriação e reconstrução da área da Luz, no centro de São Paulo, que mais se parece com uma "excomungação coletiva dos impuros de corpo e alma que, com suas presenças nefastas, corrompem a harmonia crepuscular da pólis". Reintegração zero. Só expulsão e exclusão. Problema bom é problema invisível.

Um comentário:
Colunas de fumaça erguidas em barricadas.
Depois de queimados, colunas de carros formam empilhados pelas mãos daquela massa descontrolada.
Beijos.
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